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domingo, 26 de junho de 2011

Fica sempre um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas



" Fica sempre, um pouco de perfume nas mãos que oferece rosas,
nas mãos que sabem ser generosas.

Dar um pouco que se tem ao que tem menos ainda,
enriquece o doador, faz sua alma ainda mais linda.

Fica sempre, um pouco de perfume nas mãos que oferece rosas,
nas mãos que sabem ser generosas

Dar ao próximo alegria, parece coisa tão singela,
aos olhos de Deus porém, é das artes a mais bela.

Fica sempre, um pouco de perfume nas mãos que oferece rosas,
nas mãos que sabem ser generosas " 




amorosamente



Maria Elisete Shalom..


sábado, 25 de junho de 2011

HARA HARA GURUDEVA,
PARABRAHMA PARAMESHWARA



A PRONÚNCIA
RARA RARA, GURU-DEVA, PARA-BRAHMA PARA-MESH-UARA


Hara Hara Gurudeva - from the album Yoga Mantra Dance Songs Vol. 1 by Anke



HARA HARA GURUDEVA,
PARABRAHMA PARAMESHWARA




O SIGNIFICADO:

Um mantra para atingir a purificação e descobrir a Unidade de Deus em todas as coisas.

HARA - Chakra da Alma – Ômega – Quem Recebe
GURU – Dissipador das Trevas
DEVA – Divino
PARABRAHMA – A Totalidade de Brahma, a 1ª manifestação de Brahman ou Ishwara
Parameshvara – O Senhor do Universo – o Deus Supremo

Literalmente – Recebemos, recebemos, o divino dissipador das trevas (Shiva) aquele que é a totalidade de Brahma, a totalidade do Senhor do Universo.

Hara Hara Mahadeva!!!

Maria Elisete Shalom...

quarta-feira, 22 de junho de 2011

O SAGRADO NA CULTURA INDÍGENA










O SAGRADO NAS CULTURAS INDÍGENAS
Por Benedito Prezia*

Este estudo mostra a dimensão religiosa dos indígenas do Brasil, nas suas mais diversas etnias, privilegiando os povos Tupi e Guarani, pois foram eles os que mais marcaram as práticas religiosas populares do povo brasileiro. Tenta mostrar também o desafio para os cristãos em conhecer essa dimensão nas populações indígenas, em vista do diálogo inter-religioso e da prática macro-ecumênica, tão urgente para as Igrejas cristãs.

“Há cinco séculos enfrentamos a evangelização no Brasil. Dentro desses séculos, só vimos a dominação, a exploração e o extermínio do nosso povo e a perda da nossa identidade cultural indígena. Para nós, a Boa Nova já existe dentro das nossas convivências.”
 
Esse brado, em defesa da cultura e religiosidade indígenas, foi lançado pela delegação de povos nativos, presente ao V Congresso Missionário Latino-americano, COMLA-5, em Belo Horizonte, em julho de 1995.

É também um desafio lançado às Igrejas cristãs, que muito pouco conhecem e respeitam essas expressões religiosas.

Durante muito tempo falou-se em índio, como se fosse uma categoria única, biológica, sem levar em conta a realidade cultural. Esse conceito foi uma criação colonial, baseada num erro histórico, já que navegantes espanhóis, ao chegar nas Antilhas, acreditavam ter chegado nas Índias.
Na realidade o que existe é uma variedade enorme de povos com história e culturas diferentes, vivendo nesse continente há mais de 20 mil anos.
Ao longo da história do Brasil, os indígenas, isto é, os nativos, sempre foram definidos pela negação: não têm escrita, não têm religião — “pois não têm templos nem ídolos” , como dizia um jesuíta na época colonial –, não têm lei, não têm governo e não têm história.
O que antes era visto como ausência ou limitação, vê-se que é simplesmente uma maneira diversa de ser. Não são piores e nem melhores do que nós. São simplesmente diferentes.
Apesar da diversidade cultural, nesse texto vamos abordar as características religiosas que lhes são comuns ou encontradas em muitos povos do Brasil, privilegiando de certa forma os povos Tupinambá e Guarani, que foram os que mais marcaram nossa cultura brasileira e nossa religiosidade popular, por terem sido os povos com os quais convivemos por mais tempo.



1. O PROFUNDO SENTIDO DE DEUS


A idéia de Deus perpassa todas as religiões indígenas. Muitos desses povos têm a noção de um Deus criador, mas de um Deus que cria e, em seguida, se afasta, intervindo no mundo através de entidades espirituais ou heróis civilizadores, isto é, humanos com grandes poderes. Outras vezes esse herói é também o ancestral de um povo.
Para os Tupinambá, povo que ocupou grandes áreas da costa brasileira, Deus criador era chamado de Monã, que significa o ancião. Criou o céu, a terra, os homens e tudo o que existe. Devido à maldade dos homens destruiu essa primeira terra pelo fogo. Houve apenas um sobrevivente, Maíra Mona, que pediu que a restaurasse. Uma grande chuva apagou o incêndio, surgindo aí uma nova terra. Um conflito entre dois irmãos — Tamoindaré e Arikuté, descendentes de Maíra-Monã –, desencadeou uma nova catástrofe, um dilúvio, que destruiu novamente a terra. Salvaram-se apenas esses dois irmãos, com suas esposas, porque conseguiram subir em cima de uma palmeira e de um jenipapeiro. De Tamoindaré descendem os Taupinambá e de Arikuté, descendem os Temiminó e isso explica porque até hoje são inimigos.
Os Guarani chamam a Deus pelo nome de Nhanderu, o nosso primeiro pai. Foi ele quem dispersou as trevas primordiais com a luz de sua sabedoria. Criou o mundo, colocando-o sobre duas traves cruzadas, que por sua vez são apoiadas sobre quatro palmeiras. No dia em que essas palmeiras desabarem, será o fim do mundo material.
O presente mundo é apenas uma cópia ou sombra do verdadeiro mundo, que fica no Além. Por isso todo empenho dos Guarani é alcançar o Yvy marã’ ei, a Terra sem Mal, onde as pessoas não envelhecem, onde não é preciso trabalhar, onde a caça já vem aos pés do caçador e onde não há sofrimento e nem morte.
Muitas outras sociedades indígenas não possuem a idéia de um Deus criador, como é o caso do povo Xavante e dos povos de língua jê. Seus mitos de origem começam com um mundo já criado, havendo demiurgos que vão amparar e proteger os humanos.
Entre outros povos há um mundo povoado por diferentes categorias de seres, com poderes muito diferenciados, que trazem benefícios e malefícios aos humanos.


2. O SAGRADO E O PROFANO


No universo indígena não há separação entre o sagrado e o profano. Tudo é sagrado: a natureza, a vida e a morte.
A doença não é vista como algo físico, corpóreo, mas conseqüência de um malefício espiritual praticado por alguém. É o que chamamos de feitiço e que pode ser controlado pelo pajé. O feitiço existiu em todos os povos da antiguidade e ainda existe em muitas culturas. Entre os Guarani é chamado de mohã-vai.
Pode ser provocado por diversas maneiras como restos de comida, objetos pessoais ou elementos ou adornos do corpo, como um fio de cabelo ou uma peça de roupa. Há casos em que a última pessoa que tenha visitado um doente e este venha a falecer, possa ser acusada de provocar aquela morte.
Para combater o feitiço há rezas fortes, que entre os Guarani são chamadas de nheengaraí.
Quando um pajé não consegue tirar um feitiço ou evitar a morte de alguém, é considerado incompetente, podendo mesmo ser responsabilizado por aquela morte. Nesse caso ele precisa mudar de aldeia para não ser perseguido ou desmoralizado ou até morto.
Essa união entre o sagrado e o profano faz com que todas as ações precisam ser iniciadas com uma oração ou um sinal religioso. Por isso o Guarani reza antes de entrar na mata para caçar; reza para pedir a bênção dos grãos, que serão plantados; reza para abençoar a erva mate, usada no chimarrão; reza antes de viajar, reza antes de fazer uma fala, pedindo que Deus o inspire para dizer apenas as coisas boas; reza enfim sempre e em todo lugar.
Para os Guarani não havia canto profano. Todo canto era sagrado, fruto de uma inspiração divina, recebido geralmente através do sonho. Hoje, com a comercialização da cultura, começaram a fazer cantos profanos, como os gravados em CDs para serem comercializados, não sem protestos dos mais velhos.
O brasileiro deve ter herdado dos indígenas esse hábito de colocar o nome de Deus e de Jesus em muitos locais, ditos “profanos”, como na frente ou no pára-choque do caminhão, em muros e out-door. Não é de se admirar que após uma vitória numa partida internacional de futebol, vamos presenciar jogadores brasileiros, de joelhos, de mãos dadas, rezarem o pai-nosso. Ou dizer com muita freqüência “se Deus quiser”, embora seja também uma recomendação do Alcorão, trazida por nossos antepassados portugueses.

3. A NATUREZA COMO LUGAR SAGRADO


Nas sociedades tradicionais a natureza é sempre vista com o olhar religioso. Os quéchuas do Peru chamam a terra de mãe – pacha mama.
Os povos indígenas da América do Norte também tiveram essa percepção. Muito conhecida e antológica é a carta que o cacique Seatle enviou ao presidente dos Estados Unidos, explicando porque se recusava a vender parte de suas terras:
"Cada pedaço dessa terra é sagrado para o meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia nas praias, a penumbra na floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória de meu povo. Somos parte dessa terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia são nossos irmãos. Os picos rochosos, os sulcos úmidos nas campinas, os potros com seu corpo quente e o homem, enfim todos pertencem à mesma família.Essa água brilhante que corre pelos riachos e rios não é apenas água, mas é o sangue de nossos antepassados. O murmúrio das águas é a voz de nossos ancestrais. Os rios são nossos irmãos e saciam nossa sede".
Entre os povos indígena do Brasil há também esse respeito à terra, não só como chão sagrado, que alimenta e dá vida, mas também como morada dos espíritos. Davi Kopenawa, do povo Yanomami, afirma que dentro das serras moram os Xapori, Hekura, os espíritos da natureza. E entre as serras têm os caminhos dos Xapori. Ninguém vê, só pajé conhce essa ligações. As serras são lugares sagrados, lugares onde nasceram os pirmeiros Yanomami, onde suas cinzas foram enterradas. Nossos velhos deixaram que as serras sejam respeitadas, não queremos que sejam destruídas. Queremos que estes lugares sejam preservados para não acabar com nossa história e com nossos espíritos.
Por considerarem os rios igualmente morada dos espíritos, evitam urinar em suas águas.
Muitas são as entidades que protegem a mata e os animais, sendo chamados de donos da mata, como é o Curupira, ou donos dos animais. Cada espécie tem uma entidade protetora. Estes são os guardiões, que punem os que faltam de respeito à natureza e os caçadores que matam fêmeas com filhotes ou que caçam simplesmente por prazer.
Essa relação de amizade quase humana com os elementos da natureza encontramos entre o povo Mynky, que vive no oeste do Mato Grosso.
Elizabeth Rondon Amarante, que vive com eles há mais de 20 anos, deixou-nos esse belo relato:
"Wajakuxi parece não ter pressa. Acerta uma machadada e pára. Alisa o tronco, contempla lá em cima a copa da árvore e fala sozinho. Sozinho não: conversa com a árvore, e como que pede perdão de a estar matando. Mais dois golpes e torna a acariciar e torna a contemplar e torna a conversar. Sua atitude se explica: a mata é sua morada e cada árvore tornou-se para ele um ser amigo. Derruba-se por necessidade, porque o plantio da roça é subsistência do povo".
E continua a descrever esse povo:
O Mynky é um povo caçador.(…) Caçar é seu trabalho, é sua missão de marido e de pai. Caçar é sempre um prazer, uma festa e muitas vezes um ritual. (…) Ele é dono desse universo, o dono que se serve da natureza, mas não depreda; o dono que mata o animal, mas não esperdiça; o dono que derruba a árvore, mas não devasta a floresta.
E como diz Viveiros de Castro, ao contrário de povos de outros continentes, os povos indígenas americanos apresentam religiões muito próximas da natureza e muito austeras, do ponto de vista material. “São muito mais religiões da palavra, da experiência onírica [do sonho], do transe. Nesse sentido são muito mais místicas e muito menos materialistas”.


4. CULTURA DA PARTILHA E DO ACOLHIMENTO


A generosidade é a marca da cultura indígena. Para esses povos não há propriedade particular. O que é de um é de todos.
Os europeus, ao chegarem aqui, ficaram surpresos com essa realidade. Hans Staden, alemão que viveu vários meses entre os Tupinambá como prisioneiro, na metade do século 16, assim os descreveu: “Não existe entre eles propriedade particular, nem conhecem dinheiro. Seu tesouro são penas de pássaros. Quem as tem, é rico e quem tem cristais para [enfeitar] os lábios, é dos mais ricos.”
Não havia e, ainda não há na maior parte das aldeias, diferença social, isto é, pobres e ricos. A disparidade social existente no mundo ocidental muito chocou os Tupinambá, que estiveram na França, no início do século 17, e que serviu de reflexão filosófica para o pensador francês Montaigne: “Observaram que há entre nós gente bem alimentada, gozando as comodidades da vida, enquanto metades [uma grande parte] de homens emagrecidos, esfaimados, miseráveis mendigam às portas dos outros”.
Para evitar acumulação da propriedade, certos povos criaram rituais que realizam a redistribuição dos bens, acumulados ao logo do tempo, como ocorre ainda hoje entre os Tapirapé do Mato Grosso. É o rito do kaawin-ô, realizado a cada dois ou três anos. Prepara-se uma grande quantidade de cauim, sendo que parte é levada numa cuia para que os adultos que vão participar possam tomar um pouco dele. Ao provar a bebida, a pessoa cospe um pouco no chão, mostrando que aceita participar desse ritual. Nesse momento as pessoas que acompanham o grupo cerimonial têm o direito de pegar o que desejarem da casa daquela pessoa. “Há ao mesmo tempo desprendimento e audácia, que podem causar admiração e medo” comenta Irmã Odila, que vive há anos com eles. Em pouco tempo “cama, colchão, cadeira, fogão a gás, pasta de urucum, arara, galinha, tudo muda de proprietário em apenas uma manhã”, num grande movimento redistributivo".
Entre os Bororo os bens da pessoa desaparecem no momento da morte. Um dos elementos do ritual consiste em queimar os pertences do morto, destruindo assim a idéia de herança. O que se transmite são os valores morais e espirituais.
Entre outros povos esse processo é feito de forma mais espontânea e em algumas comunidades praticamente não existe a noção de propriedade particular, tudo podendo ser de todos.
Um outro aspecto é o acolhimento. Nessas comunidades a família não é restrita apenas ao pai e à mãe, como em nossa sociedade, mas é formada pela família extensa, que inclui os avós, os tios maternos e paternos. Se faltar um dos membros do casal — o pai ou a mãe, devido à morte ou separação –, a criança não fica desamparada, pois é acolhida por outra pessoa da família, como o tio ou o avô. Isso explica porque nas comunidades indígenas não existe criança abandonada ou menor carente.


5. UM CULTO FESTIVO


Ao contrário de nossa cultura ocidental, onde a oração geralmente é um ato pessoal e muitas vezes silencioso, nas culturas indígenas o culto é feito de forma coletiva, com cantos e danças. A dança sempre é ritual e religiosa.
Certa vez, na aldeia Tapirapé, um indígena ao ver uma das Irmãs de Foucauld, que vivia entre eles, rezando na capela, sozinha e de cabeça baixa, perguntou mais tarde porque ela estava triste. Assim os rituais são sempre festivos, e celebrando com abundância de comida e bebida.
Como diz o antropólogo padre Bartomeu Melià, “a festa guarani pode ser considerada como um sacramento, segundo o qual os produtos materiais que serão consumidos são benzidos e rezados no canto-dança religioso”. E continua comentando: “A festa guarani não é apenas um cerimonial, mas a metáfora concreta de uma economia de reciprocidade vivida religiosamente”.
Por isso pode-se medir a vitalidade de uma aldeia pela freqüência de suas festas. A falta de festa, de celebrações, é sinal de que a comunidade está em crise, ou por falta de rezadores e líderes, por desestruturação ou por falta de comida.
Mesmo quando o ritual é mais triste, como na festa do Kiki — ritual fúnebre dos Kaingang de Santa Catarina –, termina sempre com uma grande celebração, com muita bebida e dança ao redor das fogueiras.
Esse traço festivo encontra-se no catolicismo popular, onde as comemorações religiosas são marcadamente festas profanas, sendo que algumas delas entraram para o folclore brasileiro, como as festas juninas. Nelas vamos encontrar fortes traços não só da festa do milho, tradicional nas culturas tupi e guarani, como também na festa kaingang do Kiki, onde há a fogueira e a bebida quente.
Não sem razão José Honório Rodrigues escreveu, ao comentar sobre a cultura brasileira no início do século 19, que “a religião perdeu, entre nós, o ar sinistro das práticas peninsulares, e ganhou alegria, adaptando-se ao povo, às populações mestiças, amigas do batuque, do foguetório, dos repiques de sinos e alheias às sutilezas do dogma”. E isso se deve muito às influências culturais indígenas e africanas.


6. POVOS TOLERANTES E SEM PROSELITISMO


Os indígenas são povos de religiões sem dogmas. O importante para eles não é um código escrito e imutável, mas as tradições orais baseadas em mitos e nas falas dos mais velhos. As referências mais importantes são a tradição do grupo étnico e a inspiração divina, que vão orientar a conduta pessoal e comunitária.
Os povos indígenas são tolerante, agregantes e não missionários. Esse traço vamos encontrar, sobretudo, na umbanda — a mais brasileira das religiões –, justamente por esse caráter sincrético, onde encontramos elementos católicos, africanos, indígenas, sertanejos e espíritas.
Essa característica encontra-se também na religião popular brasileira, não só entre os católicos, que são bastante sincréticos na sua prática religiosa, como também entre os pentecostais. Seguramente essa é uma das explicações para a proliferação de Igrejas pentecostais, marcadas por uma religiosidade festiva e emocional, centrada no milagre, no exorcismo e na garantia da salvação.
A rigidez dogmática de algumas Igrejas protestantes foi compensada no pentecostalismo pela possibilidade de se criar novas Igrejas, surgidas a partir da visão particular do pastor, que encarna bem a figura do pajé indígena. É a concretização de uma espécie de Igreja doméstica, com um culto familiar.
Uma coisa que diferencia a tradição indígena das igrejas evangélicas é o extremado proselitismo dessas últimas, que contrasta com o profundo respeito que o indígena tem pela opção individual de cada um.
Para os indígenas a noção de salvação — que para eles é alcançar a Outra Terra, a Terra sem Mal – está muito mais ligada à pertença da pessoa àquele determinado grupo étnico e ao cumprimento de suas normas, do que à adesão à uma doutrina ou à uma perfeição pessoal, como no caso de várias religiões ocidentais.


7. O PAJÉ E O XAMANISMO


O pajé, nome de origem tupi, é o mesmo que xamã, termo usado na antropologia, originário de uma língua siberiana. Ele é o intermediador entre o mundo material, em que vivemos e o mundo espiritual dos espíritos. Exerce não só a função de sacerdote como também a de médico. Além de ter o segredo das plantas, vai atuar nas causas das doenças, descobrindo as forças espirituais que a desencadearam.
Durante muito tempo o xamã foi visto como uma pessoa ligada a cultos primitivos, “arcaicos” e que seriam abandonados à medida que as pessoas tivessem acesso às culturas “superiores”. Tal situação não ocorreu, pois o xamanismo tem se desenvolvido muito nos países de alta tecnologia, onde as pessoas estão buscando nas religiões ligadas à natureza respostas aos problemas da vida moderna.
No xamanismo indígena, o pajé não é uma função hereditária e nem é fruto de uma opção pessoal, embora entre alguns povos da Amazônia, como os Araweté, do Pará, todos são potencialmente pajés.
Mas na maioria dos povos indígenas, a pessoa é escolhida por entidades espirituais, manifestadas, sobretudo, por sonhos ou pela capacidade de previsões futuras. Entre os Pankararu, de Pernambuco, esse sinal é dada por uma semente que aparece à pessoa, dizendo que ela poderá assumir a função de pajé, quando a pessoa, vestida com roupa ritual participa de determinadas danças religiosas.
Uma vez escolhida, caso a aceite, essa pessoa passa por um período de preparação com outros pajés, para aprender rituais e o contato com os espíritos.
Basicamente compete ao pajé curar as pessoas, predizer o futuro, expulsar espíritos maus, comunicar-se com os espíritos e compor cantos.
O transe na pajelança pode ocorrer com a ingestão de substâncias alucinógenas. O tabaco, usado no cachimbo é importante elemento do ritual e serve para a cura e como purificador do ambiente, como ocorre com os Guarani Mbyá.
Nessa interpenetração entre os vários mundos, muitas vezes o pajé pode assumir a figura de um animal, como relata Orlando Villas Boas, o que facilita seu contato com o mundo espiritual.
Pelo poder que têm, os pajés são temidos e respeitados. Como escreveu Frei Claude d’Abbeville, no século 17, os índios entretanto apreciam os pajés; tratam-nos bem em qualquer lugar que se encontrem. São honrosamente mencionados em seus cantos e bem acolhidos nas danças e cauinagem [festas com cauim] e em todas as cerimônias, pois todos acreditam que as coisas correm bem quando são amigos dos pajés e, ao contrário, muito mal, se não os agradam.
Não sem razão Gunter Kroemer afirma que “os povos indígenas resgataram o aspecto coletivo da magia”, que nosso mundo racionalista havia perdido, vindo daí o grande interesse atual pelo xamanismo".
Interferindo no mundo material, sobretudo na natureza, podemos dizer que o xamanismo possui também um papel social e ecológico, influenciando a comunidade na preservação da natureza, como observa o citado autor.
Além dos pajés-auxiliares, em algumas culturas as mulheres poder exercer essa função, tendo persistido essa figura em nossas benzedeiras.
Entre os povos tupis havia também o pajé andarilho, chamado karaíba, espécie de missionário ambulante, que circulava pelas várias aldeias, exortando e fazendo curas.
Esse traço do pajé ambulante permaneceu, sobretudo no Nordeste, na figura dos beatos, que através de uma vida penitente e pobre, que vão de povoado em povoado reconstruindo oratórios, recitando o terço e ladainhas e até aglutinando pessoas, em volta de si, num projeto de vida comunitária, como foi o caso do Beato Lourenço, do Caldeirão, no Ceará, na época do pe. Cícero, ou os líderes político-comunitários, como Antônio Conselheiro, na Bahia, ou o beato João Maria, em Santa Catarina, no começo do século passado.


8. AS ALMAS E A VIDA DEPOIS DA MORTE


O mundo espiritual é muito presente entre os povos indígenas, pois é marcado pela busca de uma terra boa, um mundo onde não haverá sofrimento e nem morte.
Os povos tupis, em geral, e os Guarani, em particular, acreditam em três almas: a espiritual, responsável pelas boas inclinações; a animal, da qual derivam o temperamento e as más inclinações; e a sombra.
Quando a pessoa morre, a alma espiritual inicia a caminhada para a Terra sem Mal, enquanto a alma material fica vagando perto da aldeia ou no cemitério, onde foi enterrada, até que o corpo se decomponha. Por isso muitos Guarani evitam passar por esses lugares.
A morte violenta ou acidental é uma situação difícil para muitos desses povos, pois é uma situação em que não houve tempo para o falecido se preparar. Por isso sua alma pode interferir negativamente junto à comunidade. Isso também se vê na cultura brasileira, onde o local, onde alguém morreu de forma violenta ou num acidente, é marcado com uma cruz.
O culto das almas, que têm tanto espaço na religião popular, encontra aí uma de suas raízes. O sonho é o momento em que a alma sai do corpo, indo para o Além, podendo entrar em contato com outras pessoas e outros lugares. A doença é a saída temporária da alma, sendo que a morte é a saída definitiva.
A busca do paraíso, chamado de Terra de Maíra ou Terra sem Mal, foi sempre muito forte entre os povos Tupi, levando-os a constantes migrações, sobretudo em épocas de crise social.
Alguns o situam a Oeste, depois das altas montanhas (os Andes), o que levou um grande grupo Tupi a migrar para o altiplano peruano, tendo alguns sobreviventes dessa longa peregrinação chegado à cidade de Quito, no Equador, no final do século 16.
Mais comumente é situado a Leste, depois das grandes águas, isto é, depois do oceano. Por isso os europeus, ao chegarem aqui, foram considerados pessoas divinas, vindas desse mundo, recebendo nomes religiosos, como foi o caso dos franceses, chamados de Maíra, e dos portugueses, de Karaíba.
Alguns indígenas aceitavam de bom grado embarcar para a Europa, acreditando estar indo para essa terra, como se lè em relatos do século 16. A presença Tupi em todo o litoral sudeste e nordeste, a partir do século 10, e a vinda dos Guarani em épocas recentes, mostram que essa localização era muito presente.
Era uma terra de felicidades e de fartura e onde não havia sofrimento ou doença. “O mantimento há de crescer por si, sem serem plantados, relata Anchieta, e as caças do mato se lhe hão de vir a meter em casa.” [41] E conclui o missionário: “As velhas se hão de tornar moças e para isso fazem lavatórios de algumas ervas com que [se] lavam.”
Para eles a vida presente era imperfeita e, de certa forma, má. Por isso todo o esforço do ser humano devia ser em alcançar a outra terra, a morada de Maíra. Os pajés seriam os únicos a entrar em vida. Segundo os Tupinambá, para lá vão apenas as almas dos valentes e das mulheres que demonstrassem bravura na guerra ou que tivessem ajudado seus maridos nos rituais de morte. Os medrosos, “que não lutaram para defender sua terra” não poderiam entrar.
Seguramente essa idéia de paraíso esteja na raiz de muitos movimentos messiânicos nos Brasil, como o de Antônio Conselheiro, na Bahia, o do Contestado, em Santa Catarina[43] e no movimento pouco conhecido, ocorrido em Catulé, no nordeste de Minas Gerais.
A idéia de uma terra boa no Além domina também a religiosidade popular brasileira, haja vista a quantidade de igrejas evangélicas que prometem a salvação imediata para seus adeptos, chegando muitas anunciar a volta próxima de Cristo, numa visão milenarislista. 


CONCLUSÃO


Podemos concluir esse breve estudo mostrando que esses ideais religiosos indígenas poderão inspirar os sonhos de um mundo mais humano e mais espiritualizado, dando-nos esperança e despertando utopias. E com disse um dia, Dom Pedro Casaldáliga:

Vós sois nossa causa perdida salvadora!
Vós sois a necessária e urgente Utopia!
A nova inevitável esperança de todo um continente

Rogai por nossas vidas sem arco e sem estrelas!


Texto extraido da Revista Uniclar, São Paulo: Publicação da Faculdade Claretiano, Ano IX – Numero 1, 2007. (Revista comemorativa dos 10 anos de Ciências da Religião)









Maria Elisete Shalom...


Hei...

Julgamento: dedo que apontamos contra nós




Ah, a armadilha do julgamento! Quem não cai nela, até muitas vezes por dia?
Julgar, pesar, discriminar... Tudo isso é função de nossas habilidades mentais. Mais precisamente daquela parte chamada "mental concreto" ou "comparativo", que é o centro de criação e sustentação do "eu humano", como ensina a Teosofia.

A literatura esotérica parece às vezes tratar esse eu como algo desprezível, que deve ser massacrado a fim de que o Eu espiritual (chamado Self por Jung) possa resplandecer. Quando a Bíblia diz "Do pó vieste e ao pó voltarás" em grande parte se refere ao eu humano. Filho das ilusões deste mundo, esse eu é naturalmente orgulhoso e arrogante, confundindo-se com o corpo físico que é essencialmente pó. Contudo, a glória do Eu espiritual é construída justamente no alicerce desse eu, que em sua trajetória de enganos e desenganos, vai se diluindo e purificando, aos poucos mostrando o ser eterno por trás dele.

Que "ser de glória" é esse que precisa se envolver com o eu humano e, por seu intermédio, com a "corrupção do mundo"?

Um ensinamento teosófico básico diz que no Universo há uma só vida, uma só Consciência - Deus - manifestada numa infinidade de formas. Uma centelha dessa Consciência é nosso "Eu espiritual" e tudo o que vemos à nossa volta são outras expressões dessa mesma Consciência. Assim, logicamente o mundo não tem qualquer corrupção ou impureza em si. Essas são classificações geradas pela mente humana, dependendo dela para existir.

Pela mesma razão, o bem e o mal só têm existência nesse mundo particular criado pela mente. O espírito, a centelha divina que nos governa, coloca-se "olimpicamente" acima de tudo isso, garantindo sua "volta à Casa do Pai". Daí dizer-se que "a evolução é inexorável". De cada encarnação, Ele assimila apenas os "bons frutos", enquanto a colheita cármica é guardada no devido lugar para os ajustes futuros.

O Filho em nós, a fim de conhecer os mundos onde o Pai se manifesta, tem de vestir corpos da mesma natureza daqueles planos, assim como um homem usa o escafandro para ir ao fundo dos mares ou o traje espacial para ir à lua. Essas "roupagens" em nada afetam o homem, apenas lhe dando condições de tomar consciência do que existe naqueles ambientes e voltar, abandonando depois a roupa usada. Tudo o que retém consigo é consciência, capacidade de vibração e "poder" sobre os elementos daqueles mundos.

O que colhemos aqui é, portanto, consciência. Mas enquanto fazemos essa colheita, nossas interações vão acontecendo. Na base delas, os relacionamentos impõem uma necessidade cada vez maior de percepção "do outro", para diminuição dos conflitos.

Vamos da centralização no "mim mesmo" - como titular de direitos e existência - para a gradativa aceitação do outro nas mesmas condições. No início, essa percepção é forçada (o outro "ainda não existe"), baseia-se em disputas e julgamentos, vai crescendo milímetro a milímetro dentro de nós (o outro "passa a existir"). Depois, abraça espontaneamente o mundo (o outro "não mais existe", tornou-se um conosco).

Na psicologia fala-se muito em "projeção". Ao julgar o outro possuidor de certo defeito, estamos projetando nele o nosso próprio. "Como assim?", perguntamos. O fato é que vemos facilmente "o cisco" na vista alheia porque ele nos é familiar, ressoa em nós, é a "trava" de nosso próprio olho. Da mesma forma, só reconhecemos santidade, pureza e outros belos atributos externamente se algo dessas virtudes já despertou em nosso interior. Aí, nossa consciência "vibra" diante delas. Só reconhecemos fora o que já temos dentro.
Ah, a armadilha do julgamento! Quem não cai nela, até muitas vezes por dia?
Julgar, pesar, discriminar... Tudo isso é função de nossas habilidades mentais. Mais precisamente daquela parte chamada "mental concreto" ou "comparativo", que é o centro de criação e sustentação do "eu humano", como ensina a Teosofia.

A literatura esotérica parece às vezes tratar esse eu como algo desprezível, que deve ser massacrado a fim de que o Eu espiritual (chamado Self por Jung) possa resplandecer. Quando a Bíblia diz "Do pó vieste e ao pó voltarás" em grande parte se refere ao eu humano. Filho das ilusões deste mundo, esse eu é naturalmente orgulhoso e arrogante, confundindo-se com o corpo físico que é essencialmente pó. Contudo, a glória do Eu espiritual é construída justamente no alicerce desse eu, que em sua trajetória de enganos e desenganos, vai se diluindo e purificando, aos poucos mostrando o ser eterno por trás dele.

Que "ser de glória" é esse que precisa se envolver com o eu humano e, por seu intermédio, com a "corrupção do mundo"?

Um ensinamento teosófico básico diz que no Universo há uma só vida, uma só Consciência - Deus - manifestada numa infinidade de formas. Uma centelha dessa Consciência é nosso "Eu espiritual" e tudo o que vemos à nossa volta são outras expressões dessa mesma Consciência. Assim, logicamente o mundo não tem qualquer corrupção ou impureza em si. Essas são classificações geradas pela mente humana, dependendo dela para existir.

Pela mesma razão, o bem e o mal só têm existência nesse mundo particular criado pela mente. O espírito, a centelha divina que nos governa, coloca-se "olimpicamente" acima de tudo isso, garantindo sua "volta à Casa do Pai". Daí dizer-se que "a evolução é inexorável". De cada encarnação, Ele assimila apenas os "bons frutos", enquanto a colheita cármica é guardada no devido lugar para os ajustes futuros.

O Filho em nós, a fim de conhecer os mundos onde o Pai se manifesta, tem de vestir corpos da mesma natureza daqueles planos, assim como um homem usa o escafandro para ir ao fundo dos mares ou o traje espacial para ir à lua. Essas "roupagens" em nada afetam o homem, apenas lhe dando condições de tomar consciência do que existe naqueles ambientes e voltar, abandonando depois a roupa usada. Tudo o que retém consigo é consciência, capacidade de vibração e "poder" sobre os elementos daqueles mundos.

O que colhemos aqui é, portanto, consciência. Mas enquanto fazemos essa colheita, nossas interações vão acontecendo. Na base delas, os relacionamentos impõem uma necessidade cada vez maior de percepção "do outro", para diminuição dos conflitos.

Vamos da centralização no "mim mesmo" - como titular de direitos e existência - para a gradativa aceitação do outro nas mesmas condições. No início, essa percepção é forçada (o outro "ainda não existe"), baseia-se em disputas e julgamentos, vai crescendo milímetro a milímetro dentro de nós (o outro "passa a existir"). Depois, abraça espontaneamente o mundo (o outro "não mais existe", tornou-se um conosco).

Na psicologia fala-se muito em "projeção". Ao julgar o outro possuidor de certo defeito, estamos projetando nele o nosso próprio. "Como assim?", perguntamos. O fato é que vemos facilmente "o cisco" na vista alheia porque ele nos é familiar, ressoa em nós, é a "trava" de nosso próprio olho. Da mesma forma, só reconhecemos santidade, pureza e outros belos atributos externamente se algo dessas virtudes já despertou em nosso interior. Aí, nossa consciência "vibra" diante delas. Só reconhecemos fora o que já temos dentro.

Um ditado muito sábio diz: "Quando apontamos um dedo para o outro, quatro voltam-se contra nós". Esse entendimento nos ajuda a segurar a língua (talvez a mais freqüente produtora de carma), plantando menos ódio e sofrimento no mundo.

Walter da Silva Barbosa é professor, economista, membro do Conselho Nacional da Sociedade Teosófica e diretor da Associação Educacional Annie Besant, em Campo Grande - MS



Maria Elisete Shalom...

A Grande Invocação

 

CANTANDO A ORAÇÃO AVE MARIA


         
AMÉM!!!

terça-feira, 21 de junho de 2011

O corpo Sagrado Templo - INDECISÃO PERDA DA SOLIDEZ INTERIOR


A cárie dentária consiste na destruição crônica dos tecidos calcificados, que se inicia na superfície do dente mediante descalcificação do componente mineral do esmalte. A invasão pelas bactérias leva à destruição do esmalte e da dentina, com formação de cavidades nos dentes.
Os ácidos que iniciam o processo da cárie são formados pela ação dos microorganismos chamados lactobacilos sobre os resíduos alimentares, principalmente os carboidratos fermentáveis contidos em doces, açúcares, bolachas, macarrão, arroz e até leite. Dez minutos após a ingestão de carboidratos, os lactobacilos já estão produzindo o ácido que atacará o esmalte.
Vimos anteriormente que os problemas ocasionados nos dentes estão associados a fatores que envolvem a capacidade de decisão e ação. No tocante à cárie, a pessoa sente-se confusa e insegura para se posicionar.
Geralmente passa a viver em função dos outros ou sujeita a alguma espécie de domínio, comprometendo a solidez interior. Sua diretriz de vida pode estar sendo alterada de forma aleatória, sem que a pessoa esteja conduzindo as mudanças.
Quando nos tornamos incapazes de analisar as idéias com nossos princípios internos que nos levam a tomar as decisões, vamos perdendo a solidez deles. Em conseqüência disso, os dentes se tornam vulneráveis aos agentes causadores da cárie, que vão se formando e invadindo a dentição da mesma forma que as idéias invadem nossos princípios.
A desmineralização dentária causada pela cárie representa bem a perda da solidez interna. Quando esta atinge o canal do dente, representa que a pessoa não consegue mais manter seus princípios. Esses são completamente invadidos pelas crenças dos outros, que estão sendo introjetadas em sua alma.

FONTE:Metafísica da Saúde
Vulcapelli e Gaspareto

O serviço como prática espiritual


O serviço ao homem é serviço a Deus- Sathya Sai Baba


Os tratados de espiritualidade e os grandes Mestres que encarnaram na Terra indicaram três caminhos para o desenvolvimento da consciência espiritual do ser humano e para obter a meta suprema: a Autorrealização.
Um deles é o caminho do Serviço, ou Karma Yoga; o outro, o caminho Devocional, ou Bhakti Yoga; e o terceiro, o do conhecimento, ou Jnana Yoga.
Cada ser humano, conforme seu estado de consciência, sua personalidade e sua etapa de vida, escolhe um desses caminhos e o pratica com maior intensidade que os outros.
O serviço como caminho de desenvolvimento espiritual tem certas características que o diferenciam do serviço realizado por organizações de caridade e de solidariedade. É muito importante compreender essas qualidades para que as ações de serviço deem seus frutos na área espiritual.
O primeiro passo para transformar a ação de serviço em uma disciplina espiritual é dedicar a ação a Deus e reconhecer que é Ele quem nos dá a oportunidade, a capacidade, os meios e a vontade de servir.
O segundo requisito é desapegar-se dos resultados, não esperar nenhum fruto. Assim, o serviço se transforma em uma oferenda que purifica a nós mesmos e a quem o recebe.
Sathya Sai Baba diz que dar é espiritual e receber é mundano, que Deus só sabe dar e o homem só sabe receber. Portanto, um dos passos para que o homem perceba sua natureza divina é aprender a dar.
Nas citações a seguir de Sathya Sai podemos ver a essência do que transforma uma ação de serviço em uma disciplina espiritual.
“O serviço em todas suas formas, em todo o mundo, é principalmente uma disciplina espiritual e uma limpeza mental.”

"Cada ação de serviço é um passo para o objetivo primordial da Libertação.”

“O serviço ao homem é serviço a Deus. O homem não é simplesmente um ser humano, é uma encarnação da Divindade. Todas as ações de serviço oferecidas a outros devem ser consideradas como um serviço realizado a Deus."

“Quando se oferece leite a uma criança faminta, ou um cobertor a um irmão que treme de frio na rua, vocês estão simplesmente entregando um presente de Deus nas mãos de outro receptor do princípio divino.”

“Não importa tanto a ação de serviço em si, mas o motivo que a impulsiona.”

“Sirvam porque estão impulsionados pelo amor. Quando triunfarem, lembrem-se de que o sucesso se deve à Graça de Deus, quem os impulsionou a realizar o serviço."

“Sem a inspiração dada por essa atitude, o impulso secaria e se desvirtuaria para uma atitude de orgulho e pompa.”

“Não sirvam para receber recompensa ou reconhecimento, ou para ganhar a gratidão da pessoa que recebe o serviço, ou para demonstrar sua superioridade em habilidades, riqueza, status ou autoridade.”

“O serviço deve ser oferecido de forma desinteressada. Assim, ele se transforma em espiritualidade.”

“Nenhuma alegria pode se equiparar com a alegria de servir aos outros.”

 “Sem a vontade de Deus, nem uma folha de grama se move no vento. Preencham cada momento com gratidão ao doador e ao recipiente de todas as dádivas."

“O propósito da vida é crescer no amor, expandir esse amor e fundir-se com Deus que é amor, e a melhor forma de conseguir isso é através do serviço. Não existe disciplina como o serviço para a erradicação do ego.”

“Simplesmente pensem por um momento: vocês estão servindo a Deus? Ou Deus está servindo a vocês?

“Deus serve e permite a vocês pensarem que vocês serviram.”

“Toda pessoa instruída deve se comprometer no serviço desinteressado à sociedade, com humildade e um coração puro.”

“Qual é o propósito de ser um ser humano? Não é viver uma existência animal. O homem existe para o serviço. Cada ser humano deve devolver à sociedade, através do serviço, o que recebeu dela.”

“Devem oferecer serviço aos necessitados, aos abandonados e aos que sofrem. Quando os servirem, devem ter em mente que estão servindo ao próprio Deus nessa forma particular.”

“Se querem purificar a mente que agora está encoberta pela sujeira das experiências de muitos nascimentos anteriores, empreendam o serviço desinteressado com sinceridade.”

“Somente através da autoindagação e do serviço o homem pode transformar a natureza animal nele."

“A primeira lição no serviço deve ser aprendida no próprio círculo familiar. Pai, mãe, irmãos e irmãs, nesse limitado grupo que está muito unido devemos nos comprometer no serviço amoroso e preparar-nos para o serviço mais amplo que nos espera fora do lar.”

“O caráter de cada membro individual determina a paz e a prosperidade de toda a família. O caráter de cada família é o fator básico que determina a felicidade e a alegria da aldeia ou da comunidade. E o progresso da Nação se baseia na força e felicidade das comunidades que são seus componentes.
Portanto, para o bem-estar do país e de todo o mundo, o espírito de serviço, um entusiasmo vital, uma imaginação construtiva e uma motivação pura são, todos, urgentemente necessários.”

“Ajudar sempre, ferir jamais.”

 


http://www.h2hlatino.org/el-servicio-como-practica-espiritual.php

A PAZ




Todos procuramos paz. Porém, os sábios asseguram que a paz é nossa natureza inata. Então, porquê não a experimentamos? Com a sua infinita sabedoria, Sathya Sai Baba nos aclara este e outros pontos.

“Assim como o Atma (Alma universal, o Uno transformado em muitos) a Paz não tem nem princípio nem fim. Nenhuma mancha pode estragá-la. É igual somente a si mesma, não pode ser comparada com mais nada .
A Paz é um oceano infinito. É a luz que ilumina o mundo, mas procurá-la nas coisas externas é o que causa agitação no mundo. No mais profundo de seus corações há uma reserva de paz onde devem refugiar-se”.
Porém a paz não pode ser descrita nem direta nem indiretamente. Então, como podemos fazer para experimentá-la? Sathya Sai Baba diz “Santhi (paz) não é um convencimento ao qual a gente chega através da lógica. É o resultado de uma disciplina suprema”.





DIFERENTES VIAS, UM MESMO DESTINO

O primeiro requisito


"Fé é o pássaro que canta quando a madrugada é ainda escura".
Rabindranath Tagore





“Dizem que se uma pessoa carece de paz, não pode ser feliz. Isto não é totalmente correto. Em lugar de queixar-se pela sua intranqüilidade, deve esforçar-se de lograr a paz verdadeira com valor e fé. Esta é a diferença entre o otimista e o pessimista.
De todos os poderes do mundo, o poder da humanidade é o maior, de fato todo o material na terra está avaliado somente pelo homem. Quem lhe dá valor ao diamante e ao ouro? Quem lhe dá valor à terra? Não é o homem? O homem avalia todas as coisas deste mundo, porém é incapaz de reconhecer seu próprio valor. Então, como pode o homem tentar entender o valor da Divindade?
Antes do que mais nada, o homem deve reconhecer a sua própria força e valor. Depois, estará em condição de procurar entender a Divindade. Deus não está presente num lugar específico, como o Paraíso ou Kailasa (uma montanha da Índia), ou em qualquer outra mansão celestial. A verdadeira residência de Deus está no coração do homem. Vocês não estão fazendo nenhum esforço para fazer a viagem rumo ao interior (Nivritti Maarga). Tudo o que vêem, ouvem ou pensam são atos externos. Em realidade, tudo o que fazem é externo. Assim, estão totalmente absorvidos nas atividades externas e descuidam completamente da viagem interior. 
Para começar esta viagem a gente necessita fé na divindade interior. A fé em Deus promove o amor. O amor conduz à paz. A paz prepara o caminho para a verdade. Se o homem vive na verdade, experimenta a bem-aventurança, que é Divina.



Onde há Fé, há Amor. 

Onde há Amor, há Paz. 
Onde há Paz, há Verdade. 
Onde há Verdade, há Bem aventurança. 
Onde há Bem aventurança, está Deus. 
Portanto, deve fortalecer-se a fé.



O Amor


“O prazer é um intervalo entre duas dores. Como podem sentir prazer se nunca têm experimentado a dor? Ambos vêem e se vão como nuvens passageiras, ninguém deveria espantar-se por um deles nem desejar o outro. Enfrentem todas as contingências com amor. Transformem todas as coisas em amor e preencham as suas vidas com amor. Desta maneira haverá paz e estabilidade no mundo.
Porquê repetem a palavra “Santhi” (paz) três vezes? A primeira se refere ao corpo, a segunda à mente e a terceira à alma, porque vocês não são uma pessoa e sim três. A pessoa que crêem que são (o corpo físico), a que os outros crêem que são (o corpo mental) e a que realmente são (o Atma, o Uno universal). Estes três aspectos devem estar em paz. O Amor basta para alcançá-la.  Pode-se alcançar a paz com Amor”.


A verdadeira identidade


“Devem descobrir a sua verdadeira identidade, somente então poderão ter paz. São como um homem que esqueceu seu nome, seu endereço e sua missão na vida. Compreendam isto e procurem mergulhar profundamente dentro de vocês mesmos, assim saberão quem são. Somente então terão paz e segurança. Afiem seu intelecto e limpem sua consciência para lograr este propósito através do Sathsang (boa companhia), Japa (repetição de mantras), Dhyana (meditação), Namasmarana (repetição do nome de Deus), etc.”

Limite aos desejos
“Não nascem como seres humanos somente para experimentar os objetos deste mundo. Não há nada neste mundo capaz de dar-lhes satisfação permanente. Todas as experiências do universo físico somente incrementam seus desejos. Por isso, cada pessoa deveria renunciar aos desejos e reconhecer o princípio da Divindade. Paz é a autoridade que governa o Reino de Ananda (felicidade). Ananda é a natureza inata do homem, quem é Sat-Chit-Ananda (Ser, Consciência e Bem aventurança), mas esqueceu qual é sua verdadeira natureza”.



A RETIDÃO


“Para desfrutar da paz, a humanidade deve ser dirigida rumo aos ideais de Dharma ou Retidão… Evitem em seus pensamentos, palavras e ações, todo traço de desejo de fazer mau, de insultar ou de causar sofrimento ou perda aos demais. Ajudem sempre que possam. Achem a melhor forma de reformarem-se a vocês mesmos, desistam de fazer dano a si mesmos e caminhem sempre pela senda da Verdade. Ajudem sempre, nunca lastimem”.


O serviço 



“Primeiro, a gente mesma deve estar em paz. Logo se deve transmitir essa paz à família. Da família deve estender-se ao povo, à província, ao Estado e à nação. Porém hoje o processo é ao revés . São os conflitos e a confusão os que estão sendo passados do indivíduo à  família, e  assim sucessivamente até chegar ao país.
Convertam-se em mensageiros de paz. Devem começar consigo mesmos. Só podem obter paz por meio do serviço. Um homem ocioso é como uma oficina  do diabo. Se estão ocupados trabalhando, não haverá espaço para os pensamentos. Então a mente estará em paz. Uma mente pacífica é a morada do amor. O amor é inerente ao homem porém, assim como uma semente deve ser nutrida com adubo e água, o amor deve ser alimentado mediante o serviço (sraddha)”.

A erradicação dos inimigos internos“Somente mediante a ausência de apego, desejo e egoísmo podem lograr a paz. Emulen su tesón, rezem por uma maior porção de inteligência ou uma memória mais aguda, mas não dêem lugar em seus corações à inveja e à   maldade. A inveja é um veneno mortal; contamina o caráter, estraga a saúde e lhes tira a paz. Não se deixem influenciar por ela e poderão dominar os deuses da criação, da proteção e da destruição. Assim como uma praga que destrói os cultivos, a inveja entra  de forma escondida e se expande com rapidez. A paz mundial poderá ser alcançada somente quando o ser humano investigar seu mundo interno, tire o lixo interior e  afaste os maus impulsos”.

A equanimidade“A paz é a capacidade de suportar o sucesso e o fracasso, a alegria e o sofrimento com perfeita equanimidade. A paz está no profundo de nosso ser, é nossa essência verdadeira. Somente pensamentos sobre Deus e um amor intenso por Ele podem trazer a paz. Na medida em que os pensamentos sobre o mundo diminuem, os pensamentos sobre Deus aumentam. Normalmente, a mente anela o mundano de forma constante. Quando os desejos são eliminados, a paz vira mais firme”.

O contentamento“A paz externa é um reflexo de sua paz interna. Só a paz é a Verdade eterna. Tem um grande poder. Confere bem-aventurança ilimitada, é o tesouro principal do homem. De repente vocês têm um intelecto brilhante, muito dinheiro ou muita força, porém tudo isto é inútil se não têm paz. Ganhar paz é o único propósito da vida. Nem o nome, nem a fama, nem a riqueza lhes darão isso. Se vivem com contentamento, terão paz”.




A pureza


“Aceitar com alegria os altos e baixos da vida é a via por excelência para a Paz. Todos anseiam ‘Sukha’ e ‘Santhi’ (contentamento e paz); porém não há ninguém que possa dizer como ganhá-la. O Ramayana e o Mahabharatha (os poemas épicos de Rama e Krishna) são reservas inesgotáveis de conhecimento para os buscadores de Paz. Estão cheios de exemplos e preceitos, que são inspiradores e oportunos. Se consideram seriamente estes ensinamentos, poderão obter Pureza. O coração puro dirigido para Deus e refletindo Sua imagem é, de fato, o Céu”.

O controle dos sentidos“A paz perfeita significa o tipo de paz obtido como resultado da ausência de desejo, ira, cobiça e ódio. A paz deve ser expressada em sentimento, palavra, postura e ação, também deve ser expressada na mente e no cumprimento do dever; isto tudo de forma constante. Então a paz virará perfeita, da classe mais alta e estável. A paz genuína nasce do controle dos sentidos. O amor puro pode emanar somente dum coração mergulhado na paz. Desta maneira, compreender que “tudo é Deus” vira natural”. 



Deus






“Shanti (paz) é outro nome para a estabilidade da mente. A Paz é uma virtude sagrada, é a encarnação do Ser. É o melhor adorno para o homem, e o coração do altruísta é a sua morada. A acumulação de riquezas e poder não pode dar paz. A paz pode só provir da fonte interior. Então, como conseguem Santhi (paz)? Sabendo que são o Atma, que não têm nascimento nem morte, nem alegria nem dor, nem baixo nem alto. A fé no fato que o homem é um instrumento em Suas mãos para a execução de Seu plano, é a chave da paz genuína. Somente quando Deus é o objetivo e o guia pode ter paz verdadeira”. 

“Meus três”
“Os alicerces para a verdadeira paz são, de acordo com os Vedas, a qualidade de “Maithree”. Maithree significa cordialidade, amizade, compaixão e amabilidade. Também pode considerar-se que significa “Meus três” (“My Three” em inglês), quer dizer, minha palavra, ação e pensamento devem estar de acordo com minhas palavras, ações e pensamentos. Isto significa que devemos falar, pensar e agir com coerência, sem fricções nem facções, numa atmosfera de amor e entendimento. Isso é o que quer o mundo de hoje”.

SATHYA SAI BABA
http://www.h2hlatino.org/articulos.php?id=150