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terça-feira, 12 de abril de 2011

Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar.



Mês passado participei de um evento sobre o Dia da Mulher.

Era um bate-papo com uma platéia composta de umas 250 mulheres de todas as raças, credos e idades. 
E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e,
como não me envergonho dela, respondi. 
Foi um momento inesquecível... 

A platéia inteira fez um 'oooohh' de descrédito. 
Aí fiquei pensando: 'pô, estou neste auditório há quase uma hora exibindo
minha inteligência, e a única coisa que provocou uma reação calorosa da
mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que tenho? 

Onde é que nós estamos?'
Onde não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado
'juventude eterna'. Estão todos em busca da reversão do tempo.
Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu sonho de consumo, mas
cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas. 
Há um outro truque que faz com que continuemos a ser chamadas de
senhoritas mesmo em idade avançada.

A fonte da juventude chama-se "mudança".



De fato, quem é escravo da repetição está condenado a virar cadáver antes da hora. 
A única maneira de ser idoso sem envelhecer é não se opor a novos
comportamentos, é ter disposição para guinadas. 

Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos. 
Mudança, o que vem a ser tal coisa?
Minha mãe recentemente mudou do apartamento enorme em que morou a vida
toda para um bem menorzinho. 
Teve que vender e doar mais da metade dos móveis e tranqueiras, que havia
guardado e, mesmo tendo feito isso com certa dor, ao conquistar uma vida
mais compacta e simplificada, rejuvenesceu.

Uma amiga casada há 38 anos cansou das galinhagens do marido e o mandou
passear, sem temer ficar sozinha aos 65 anos. 
Rejuvenesceu.

Uma outra cansou da pauleira urbana e trocou um baita emprego por um não
tão bom, só que em Florianópolis, onde ela vai à praia sempre que tem sol. 
Rejuvenesceu.

Toda mudança cobra um alto preço emocional. 

Antes de se tomar uma decisão difícil, e durante a tomada, chora-se muito,
os questionamentos são inúmeros, a vida se desestabiliza. 

Mas então chega o depois, a coisa feita, e aí a recompensa fica
escancarada na face.

Mudanças fazem milagres por nossos olhos, e é no olhar que se percebe a tal
juventude eterna. 

Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as
rugas sumirem, só que continuará opaco porque não existe plástica que
resgate seu brilho. 

Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar.
Olhe-se no espelho...

*Lya Luft*




Maria Elisete Shalom...

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