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domingo, 7 de abril de 2013

Inspirando, Expirando... Eu floresço num jardim, sou suave como o orvalho.


 
 

Eu floresço num jardim,
sou suave como o orvalho.

Para ser feliz precisamos
Expirando


Eu floresço num jardim, sou suave como o orvalho.


Para ser feliz precisamos ter uma certa quantidade de frescor. Nosso frescor pode fazer outros felizes também. Somos realmente flores no jardim da humanidade. Precisamos apenas olhar para uma criança brincando ou dormindo e podemos ver que ela é uma flor. Seu rosto é uma flor, sua mão é uma flor, seus pés, seus lábios são flores. Nós também somos flores, assim como ela, mas talvez tenhamos permitido que as dificuldades da vida tenham pesado e perdemos muito do frescor.


O sábio vietnamita do século XVI Nguyen Binh escreveu:


Sem mais choro, sem mais reclamação.

Este é o último poema de preocupação.

Quando você para de reclamar, sua alma se refrescará.

Quando você parar de chorar, seus olhos ficarão claros novamente.


Por favor, inspire, relaxe seu corpo e dê a si mesmo um sorriso! As linhas de preocupação no seu rosto suavizarão e o sorriso nos seus lábios trará sua capacidade de ser flor novamente. Escultores através dos séculos fizeram grande esforço para retratar um sorriso fresco, de gentil compaixão nas faces de suas estátuas do Buda.


Na sua face existem dezenas de músculos e cada vez que fica preocupado, chateado ou com raiva estes músculos podem se tensionar ou contorcer. Outras pessoas podem ver isso e ficar com medo. Inspirando, você pode trazer sua consciência sem julgamentos para essas tensões, e expirando, pode relaxá-las um pouco e sorrir.


Inspirando, me vejo como uma flor

Expirando, eu me sinto refrescado.


Ao continuar, as tensões se dissolverão no fluxo e refluxo de sua respiração e você será capaz de restaurar o frescor da flor humana que está sempre presente, disponível dentro de você. Acalmando, relaxando e refrescando: estas são as práticas de “parar” na meditação Zen.


Eu sou sólido como a montanha


Não podemos ter paz e felicidade sem alguma estabilidade. Quando nosso corpo e mente são instáveis, ficamos agitados e insatisfeitos e outras pessoas não sentem que podem se refugiar ou confiar em nós. Portanto a prática de trazer estabilidade e solidez ao corpo e mente é essencial.


Ao inspirar plenamente consciente e sentar-se calmamente você pode restabelecer a solidez interna. Quando você senta seja na posição de lótus ou meio lótus, seu corpo e mente ficam estáveis, especialmente ao você reunificar seus cinco skandas através da respiração consciente. Os cinco skandhas são o corpo, os sentimentos, as percepções, as formações mentais e a consciência. Se você puder manter sua atenção focada na sua respiração, terá uma fundação firme para reconhecer, aceitar e abraçar tudo o que está acontecendo dentro de você.


Usando sua inteligência e sua compaixão, você será capaz de encontrar sua saída para qualquer dificuldade que surja na sua vida diária. Isto te dá grande confiança na sua capacidade, tornando você ainda mais sólido.


Inspirando, eu me vejo como uma montanha

Expirando, sinto-me estável e sólido.


Praticar o retorno e a tomada de refúgio na nossa ilha interior ajuda a gerar grande estabilidade. Você tem um caminho espiritual e sabe que está caminhando nele, portanto não tem mais nada a temer – e isso te ajuda a ser ainda mais sólido. Seu caminho é o caminho do desenvolvimento da plena atenção, concentração e insight – o caminho dos Cinco Treinamentos de Plena Atenção. Estes Cinco Treinamentos nos guiam em direção à proteção da vida, a compartilhar com aqueles que precisam, a evitar o engajamento em relações sexuais não saudáveis, a ouvir profundamente e usar a fala amorosa e a consumir conscientemente com compaixão pelo corpo e mente.


Sou espelho como a água


A imagem de uma piscina refletindo a luz representa uma mente tranqüila. Quando a mente não é perturbada por formações mentais como raiva, ciúmes, medo ou preocupações, ela está calma. Visualize um claro lago alpino refletindo nuvens, o céu e as montanhas ao redor tão perfeitamente que se você fotografasse sua superfície, todos pensariam que você havia tirado a foto da paisagem. Quando nossa mente está calma, reflete acuradamente, sem distorção. Respirar, sentar e andar com plena atenção acalma as formações mentais perturbadoras tais como a raiva, o medo e o desespero, nos permitindo ver a realidade mais claramente.


No Sutra da Plena Consciência da Respiração, um dos exercícios recomendados pelo Buda é chamado “acalmando formações mentais”. Nesse caso, formações mentais especificamente significa estados mentais negativos tais como ciúme, preocupação e assim por diante. “Inspirando, eu reconheço as formações mentais presentes em mim.” Quando chamamos as formações mentais vemos através de seus nomes: “Esta é irritação.”; “Esta é ansiedade”; e assim por diante. Não procuramos suprimi-los, julgá-los ou empurrá-los para longe. Simplesmente reconhecer sua presença é suficiente. Esta é a prática do simples reconhecimento; não agarramos nem tentamos nos livrar de nada do que passa pela nossa mente.


“Expirando, eu acalmo minhas formações mentais”. Ao respirar plenamente consciente enquanto reconhecemos e abraçamos as formações mentais, damos uma chance a elas de se acalmarem. Isto é similar ao exercício apresentado anteriormente para acalmar o corpo, isto é, relaxar as tensões e dor que existem no corpo, que também foi ensinado pelo Buda no Sutra da Plena Consciência da Respiração.


Você é um praticante de meditação, o que significa na verdade praticar olhar em profundidade e contemplar e não apenas aprender sobre o Zen com um objeto de estudo teórico ou intelectual. Portanto, você deveria se treinar para acalmar as formações mentais perturbadoras e as emoções quando elas se manifestam. Apenas desta maneira você será capaz de ser mestre de seu corpo e mente e evitar criar conflitos dentro de si mesmo, com seus amados e outros.


Alguns jovens são incapazes de lidar com as tempestades emocionais que surgem neles, como ira, depressão, desespero entre outras e por isso querem se matar. Estão convencidos que o suicídio é a única maneira de parar o seu sofrimento. Nos Estados Unidos, aproximadamente 9.500 jovens cometem suicídio a cada ano e a taxa é ainda maior no Japão. Parece que ninguém os está ensinando o caminho de lidar com suas emoções fortes.


Se pudermos mostrar-lhes o caminho para se acalmarem e libertá-los das garras do pensamento suicida, eles terão uma chance de voltarem e abraçarem a vida novamente. Mas precisamos aplicar a prática em nós mesmos antes que possamos tentar mostrar aos outros. Não esperamos até que estejamos devastados por alguma emoção para começarmos a praticar. Comece agora, de forma que na próxima vez que uma onda de emoção surja, você saiba como tomar conta dela.


Primeiramente, você precisa saber que uma emoção é apenas isso – uma emoção – mesmo que seja uma grande e forte emoção. Você é muito maior, bem maior que esta emoção. Nossa pessoa – o território de nossos cinco skandhas (corpo, sentimentos, percepções, formações mentais e consciência) é imenso. Emoções são apenas uma categoria das muitas diferentes formações mentais que temos. Elas vêm, ficam por um tempo, e depois vão. Porque deveríamos ter que morrer por uma emoção?


Olhe para emoções fortes como um tipo de tempestade. Se soubermos técnicas para resistirmos aos efeitos da água, poderemos sair intactos. Uma tempestade pode durar uma hora ou um dia. Se dominarmos os modos de nos acalmarmos e estabilizarmos nossa mente, poderemos atravessar as tempestades emocionais com relativa facilidade.


Sentando na posição de lótus ou deitando, comece respirando com sua barriga. Mantenha sua mente inteiramente na barriga enquanto ela sobe com cada inspiração e desce com cada expiração. Respire profundamente, mantendo atenção total ao seu abdômen. Não pense. Pare todas as suas ruminações e apenas foque na sua respiração.


Quando as árvores estão debaixo de uma tempestade, o cume fica oscilando e tem o maior risco de ser danificado. O tronco de uma árvore é mais estável e sólido. Ele tem muitas raízes alcançando as profundezas da Terra. Os cumes das árvores são como nossa mente, nossa mente pensante.


Quando uma tempestade surge em você, saia do cume e vá para o tronco por segurança. Suas raízes começam no seu abdômen, ligeiramente abaixo do umbigo, em um ponto de energia chamado como tan tien na medicina chinesa. Coloque toda a sua atenção nessa parte da barriga e respire profundamente. Não pense sobre nada e ficará seguro enquanto a tempestade de emoções estiver soprando. Pratique a cada dia por cinco minutos e depois de três semanas você será bem sucedido ao lidar com as emoções seja quando for que elas surjam.


Ao se ver passando pela tempestade sem se ferir, você ganhará mais confiança. Pode dizer a si mesmo, “Na próxima vez, se a tempestade de emoções voltar, não ficarei com medo ou tremerei porque sei como superá-la.” Pode ensinar isso para as crianças também, de forma que elas possam desfrutar do sentimento de segurança que a respiração da barriga dá a elas.


Tome a mão de seu filho e diga a ele para respirar com você, colocando toda a atenção no abdômen. Apesar de ser apenas uma criança, ele pode ter emoções fortes e pode aprender o caminho através delas. Primeiramente, ele precisará de sua assistência, mas depois ele poderá ser capaz de fazer sozinho. Se você é um professor, pode ensinar a respiração abdominal para os seus alunos. Se pelo menos alguns deles usarem a prática, depois, quando o redemoinho de emoções começar dentro deles, eles não serão levados a cometer suicídio, e você terá salvado vidas.


Praticar na posição sentada é melhor, mas você também pode praticar deitado. Se estiver nesta posição pode colocar uma garrafa de água quente no seu abdômen.


(Do livro “Peace is every breath” – Thich Nhat Hanh)
 
Maria Elisete Shalom...

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