Pesquisa
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
O papel dos professores
A educação atual se concentra em adquirir habilidades e conhecimentos sobre o mundo objetivo e na compulsão por obter títulos. Como resultado, os alunos esquecem o que foi estudado superficialmente e seus cérebros ficam vazios logo após derramarem seus conteúdos no exame. Bhagavan Sri Sathya Sai Baba* assegura que esta tendência pode ser revertida pelos professores, cuja função é muito mais transcendental do que se pensa.
O patrimônio mais importante
“Para que serve uma escola? Para fazer humano o homem. O homem tem nele certos atributos específicos que devem ser desenvolvidos e estimulados para que possa se elevar a sua plena estatura. Quando os ignora ou os abandona, o homem existe somente a nível animal. Só a disciplina pode fazê-lo alcançar sua herança. Através da escola e educação superior, se transforma em homem. Ao menos, assim deveria ser. O professor é o patrimônio mais importante da escola. O tijolo o cimento não fazem que uma escola seja eficiente e útil. Tampouco são tão essenciais os livros na biblioteca ou os instrumentos no laboratório. É o professor aquele que dá forma à escola ou a prejudica. Ele é em si mesmo todos os livros que vocês necessitam; é o instrumento mais necessário. Ele é quem modela as maneiras, o comportamento, as atitudes e inclusive os preconceitos dos alunos que estão sob seu encargo. Portanto, sua responsabilidade tem um grande peso, muito mais do que ele mesmo acredita”.
Uma oportunidade transcendental
“Em essência, os anos de vida são só um curto período, um descanso em uma pousada localizada à beira do caminho, um drama representado sobre um pobre cenário, uma bolha sobre a água. Durante este instante fugaz, foi dado a poucos esta oportunidade extraordinária de compartilhar, de dar instrução, inspirar devoção, infundir coragem na criança em crescimento, de forma tal que esta lhes guardará eterna gratidão.
A qualidade do trabalho é mais importante que a quantidade. Portanto, não se comprometam a fazer mais do que podem fazer satisfatoriamente. Deixem que sua própria consciência seja o juiz. Quando sentirem que cumpriram com seu dever de forma satisfatória para com as crianças e para com a sociedade, poderão descansar satisfeitos.
Realizem seu trabalho corretamente, como uma forma de adoração, como uma oferenda aos pés de Deus e serão amplamente recompensados com alegria, paz, serenidade e êxtase. Estes professores, aos que hoje honramos, têm a mesma mensagem para todos vocês. Não os chamem de pobres, já que são ricos em tesouros espirituais, na alegria do dever bem entendido, comprometido e bem realizado”.
O exemplo: o ensino mais alto
“O professor tem que ser como aconselha a seus alunos que sejam. Seu exemplo modela facilmente as delicadas mentes que estão na aula. Se o professor falar contra o hábito de fumar, deve abandoná-lo ele mesmo; se insistir na pontualidade, deve chegar à classe no horário. Deve saber que sempre estará colocado sob o foco do rigoroso escrutínio dos alunos. Qualquer procedimento seu equivocado se transforma em tema de conversação na comunidade. Fala-se sobre isto durante o jantar em centenas de lares a cada dia. Portanto, o professor deve ser prudente em todo momento.
A abóbora rasteira é propensa a crescer torcida se for deixada sozinha. Portanto, os jardineiros atam uma pedra à ponta e o peso a orienta à medida que cresce mais e mais comprida. De forma similar, as mentes das crianças e dos jovens também tendem a crescer torcidas, pela influência de filmes sensuais, da vazia e hipócrita atmosfera criada pelos maiores, da atração do brilho e a popularidade ou de um falso sentido da aventura e fama. Assim pois, a escola deve atar a pedra da disciplina e fazê-los crescer retas e sinceras”.
Disciplina equilibrada
“A pedra, entretanto, não tem que ser muito pesada para que não rompa a abóbora em dois pedaços. Em todo momento e em todos os casos, evitem os extremos. As regras disciplinares têm que estar bem estudadas e adaptadas à idade do grupo que querem corrigir.
Por exemplo, tem sido sugerido que às crianças “más” – em realidade não existem crianças más, mas unicamente crianças malcriadas- deveriam ser isoladas e ter atenção especial para serem curadas de suas tendências negativas. Entretanto, não gosto que sejam separadas e que todos dirijam sua atenção a elas como crianças especialmente marcadas. Não é bom para elas, nem para as demais. Os professores podem prestar-lhes atenção de forma especial sem que o resto das crianças o perceba, já que habitualmente provém de famílias sem raízes na prática espiritual. Isto é o único aconselhável. Naturalmente, um bom professor sabe como tratar ditos estudantes, se ele ou ela tem fé ou inteligência.
A oração é uma boa atividade para incluir no horário escolar. Deixem que as crianças se dêem conta de que a oração é universal e que ela, em qualquer idioma, dirigida a qualquer nome divino, chega ao mesmo Deus. O silêncio também é inestimável e pode-se pedir aos alunos que o pratiquem. Procurem fazer com que os pequenos não estejam muito inquietos ou deprimidos. Outra sugestão é que não os deixem estar ociosos e desocupados. Cada segundo é um valioso presente. O tempo bem utilizado é comparável à comida bem digerida: alimenta e vigora os estudantes.
A atmosfera deve ser tal que a obediência à disciplina surja automaticamente e se realize de todo coração. Só uma disciplina assim formará bons líderes para a nação. Diferentemente do que acontece com a geração atual de líderes, eles poderão inspirar e guiar às pessoas pelos delineamentos corretos”.
Os desafios que enfrentam os professores
“Hoje em dia os professores não são conscientes da nobreza de sua profissão, já que a sociedade se tornou mal-agradecida. Crianças e jovens consideram as estrelas de cinema como seus deuses e guias; aprendem profunda e perigosamente com os filmes, com as historietas de terror e com as novelas policiais. Não têm noção dos valores que deveriam ter aprendido nos primeiros anos de vida. São arrastados por uma torrente de trivialidades.
O professor é uma testemunha impotente desta tragédia, já que carece de força e sustento para dar, de ideais para implantar e de entusiasmo para transferir. Só quando o professor está imbuído de ensinamentos espirituais dos textos sagrados pode fazer, mediante seu exemplo e preceitos, que as crianças se encaminhem pela senda de paz e a alegria. Naturalmente, o lar e a sociedade devem complementar seus esforços e fomentar as idéias que ele conseguiu imprimir. O professor deve trabalhar em uma atmosfera de amor e verdade e não em uma de ódio e falsidade. Deve mover-se feliz e contente entre as crianças, não raivoso e sombrio. Só assim pode irradiar Amor”.
O bem mais escasso
“Atualmente, a atmosfera está contaminada pelo temor e o receio dos professores e a hostilidade e audácia dos estudantes. Não há amor para lubrificar a relação entre o educador e o educando. “Pagar e receber; cobrar e dar”, este é o vínculo. O amor, o respeito e o afeito não têm lugar nesta transação.
Como pode ser frutífera a educação? Faz um instante, o Dr. Gokak (primeiro reitor da Universidade Sri Sathya Sai Baba) disse que quando os professores amam as crianças, são recompensados pelo amor deles. Agora, ao contrário, são amados só pelo dinheiro que trazem; a relação é artificial e carece de raízes no coração. Tanto o professor quanto o aluno estarão cheios de alegria só quando vincular o amor entre eles, que não calcula o valor da retribuição.
O professor deve ganhar o respeito de seus alunos derramando seu amor sobre eles, e os alunos devem ganhar o amor do professor entregando-lhe sua reverência e afeto”.
A melhor ferramenta
“Não há conselho nem exortação que possa fazer que o professor se eleve ao nível máximo de sua profissão. Deve aperfeiçoar-se por si mesmo; a pressão ou opinião externas não podem melhorá-lo. Pode ser que existam vários motivos pelos quais escolheram esta profissão, mas todos eles são irrelevantes agora. Uma vez que estejam exercendo seu papel, devem esforçar-se por justificar a confiança que os pais depositaram em vocês e servir aos melhores interesses das crianças que tem a seu encargo. É certo que também foram estudantes e naturalmente, como professores, procuram adaptar seus métodos e estilos aos delineamentos empregados por seus próprios professores. Mas vocês têm a obrigação de mergulhar na Realidade Interior e descobrir o manancial de felicidade que há ali. Desta maneira, a árdua tarefa de educar as crianças será uma tarefa de recreação, altamente alentadora e gratificante.
Seu caráter é a melhor ferramenta para a profissão que praticam. É óbvio que seu saber também é valioso, mas dele são perdoáveis alguns erros. Em contrapartida, o caráter deve ser cem por cento perfeito. Não vivam artificialmente, mas façam-no de acordo com a mensagem dos sábios. Expressem a Verdade e transitem pelo caminho da Retidão”.
Educação em valores humanos
“As crianças que estão guiando e inspirando serão os líderes do amanhã. As virtudes que implantarem neles, os conselhos e o exemplo que lhes derem permanecerão gravados em suas memórias e transformarão sua visão e comportamento nos dias futuros.
A educação deve estar orientada a fim de prover à criança não elementos para subsistir mas uma vida que mereça ser vivida. Para isso, não basta a aquisição de habilidades para fazer ou raciocinar, o que é absolutamente essencial é a fé em si mesmo e na própria divindade. Esse é o precioso tesouro da sabedoria, guardado em nossas antigas escrituras e na experiência dos Santos e Sábios de todos os países e religiões.
Alguns críticos muito curtos de visão declaram que os assuntos espirituais não deveriam ser tratados com as crianças, pois são muito jovens e inexperientes para obter benefícios de tal conhecimento. Não obstante, se há algo que é necessário realizar, quanto antes, melhor. O ditado “Parta cedo, conduza devagar, chegue a salvo”, não só é aplicável às viagens em automóvel ou trem, mas também à viagem da mentira à verdade, da escuridão à luz e da morte à imortalidade. A inquietude, a ansiedade, o medo e o ódio que atormentam o mundo se devem majoritariamente à negligência que manteve longe às crianças das disciplinas que podem regular as paixões e as emoções do homem. Ensinem às crianças a venerar seus pais. Isto é o primeiro que devem fazer. Trata-se de um simples ato de gratidão em direção àqueles que os dotaram do instrumento material para a vida”.
O método indireto
“A instrução espiritual ou moral não deveria figurar no plano de estudos como uma matéria separada; todo tema deve ser aprendido incluindo os cinco valores humanos (verdade, paz, amor, não violência, retidão), como o fio que vai unindo uma lição à outra. Mediante o exemplo e o preceito, tanto na aula como no campo de lazer, se deve enfatizar a excelência da colaboração inteligente, do sacrifício pelo grupo, da compaixão pelos menos dotados, da ajuda aos impedidos, aos fracos, aos doentes e aos pobres. Do amor e confiança em si mesmo, do silêncio e oração.
O método indireto (em que os valores atravessam todas as matérias) para inculcar estes princípios é melhor que o ensino direto mediante livros e exames. Relatem histórias das Escrituras, de santos e sábios de todos os povos e de todas as épocas, para ilustrar um tema que surja em uma classe de qualquer matéria. É possível, inclusive, ensinar ciência e matemática de uma maneira moral ou imoral. Prefiram sempre a forma moral.
Procurem ter crianças de diversas religiões em suas aulas, para que a amizade entre eles possa tornar-se compreensão e a compreensão, amor. Não falem sobre as diferenças entre as religiões no começo; melhor, acentuem as similitudes óbvias, para que as delicadas mentes que tem a seu encargo não se confundam”.
Uma só religião
“Lembrem-se que há uma só religião e é a religião do Amor; há uma só casta e é a casta da humanidade. Devem ter cuidado de não fomentar o mais mínimo indicio de “diferença” referente à religião, casta, credo ou cor nas classes de valores humanos. Não manchem as imaculadas e limpas mentes infantis infetando-as com sentimentos de diferenças entre uma criança e outra. Forneçam conhecimentos e inspiração a todos por igual. Selecionem histórias das Escrituras de todas as religiões para interessar às crianças quanto aos valores de uma vida reta. Falem-lhes dos heróis virtuosos de todos os países e dos santos de todos os credos, porque todos eles são da mesma estirpe. Nenhuma Escritura engendra a violência ou declara a falsidade como modo de vida. Todas as religiões exaltam a Verdade, a Retidão, a Paz, a Irmandade e o Amor. Todos os santos são encarnações do serviço, a compaixão e a renúncia.
Tampouco comparem as diversas manifestações do Divino nem emitam juízo declarando que Rama é mais grandioso que Krishna (encarnações divinas do hinduísmo). Isto é danoso para o aspirante espiritual. Vocês não conhecem seu próprio Ser mas se atrevem a dar sua opinião sobre personalidades e poderes que nunca experimentaram nem entenderam.
Rama é tão desconhecido para vocês como o é Cristo, e por isso é melhor guardar silêncio e venerar a ambos com o mesmo fervor. Todos são manifestações do mesmo Esplendor Divino. Os abençôo para que triunfem na grande tarefa que lhes foi outorgada e para que sejam capazes de iluminar o caminho das crianças desta terra, a fim de que as conduza em direção à gloriosa região da felicidade eterna”.
Fonte:
Compilação das mensagens de Sathya Sai Baba, edições Sathya.
Discursos de Sathya Sai Baba de:
3/4/1967
5/9/1968
2/3/1970
3/1/1974
20/11/1978
6/6/1978
*material extraído de seus discursos
Marcadores:
Aos Pés de Lótus de Sr Sathya Sai Baba
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.